Quem foi Claudia Silva Ferreira?

Claudia Silva Ferreira, chamada carinhosamente de Cacau por familiares e amigos, era casada há quase 20 anos com Alexandre Lima. Era mãe da Thais, do Uéverton e dos gêmeos Pâmela e Pablo. Uma mãezona, solidá-

ria, coração imenso, ainda tinha sob seus cuidados os sobrinhos Ângelo, Samuel, Alexandre e Caio, filhos de sua irmã, incapacitada de protegê-los por não resistir às duras condições de empobrecimento que o sistema capitalista submete grande parte do povo preto. Morava com sua família no Morro da Congonha, zona norte da cidade do Rio de Janeiro.

No domingo de 16 de março de 2014, de folga da pesada função de auxiliar de serviços gerais, a incansável Claudia correu cedo à padaria mais próxima para comprar pão e frios para o café de manhã da família quando, surpreendida por uma troca de tiros, foi mortalmente baleada por policiais.

Após o ocorrido, com a evidente intenção de adulterar a cena do crime, os policiais colocaram o corpo de Claudia no porta-malas da viatura policial, sob o pretexto de levá-la ao hospital. Naquele momento, conhecidos, vizinhos e amigos tentaram evitar que o corpo da mãe de família fosse levado, porém a tentativa foi em vão e com o porta-malas aberto, os PMs seguiram pela Estrada Intendente Magalhães. Sem vida, o corpo da trabalhadora de 38 anos deslizou pelo porta-malas e ficou preso apenas por um pedaço de roupa, sendo arrastado pelo asfalto por cerca de 300 metros, sem que os policiais dessem atenção aos apelos dos pedestres e motoristas que assistiam à cena.

Por sorte, civis filmaram o acontecimento e divulgaram através do aplicativo de comunicação whatsapp, possibilitando que o ato ganhasse notoriedade pela mídia e jamais caísse no esquecimento de todos e todas que lutam contra o racismo.

O assassinato de Claudia não é um caso isolado. Mas, ao contrário, é mais uma manifestação do terrorismo perpetrado pelo estado brasileiro contra o povo pobre, preto e periférico.

Lembrar é o mais fundamental ato político de resistência. “Somente xs esquecidos estão verdadeiramente mortxs”