Os princípios do Cursinho Livre CSF

O Cursinho Livre CSF se pauta pelos seguintes princípios:

  • Autonomia
  • Anticapitalismo
  • Horizontalidade
  • Valorização das minorias políticas
  • Conhecimento crítico
  • Federalismo
  • Ação direta
  • Apoio mútuo

Autonomia:

  • Autonomia pra nós não está ligada a emprego. Falamos da população empobrecida tomando suas próprias decisões, com independência. Para atingir esse objetivo, queremos descobrir nosso próprio jeito de fazer as coisas sem que ninguém nos diga como fazer: nem políticos, nem empresas.
  • Fazemos nossas escolhas no cursinho na nossa prática diária, ombro a ombro.

Anticapitalismo:

  • Não queremos que acumulação de dinheiro, enquanto objetivo, tenha voz dentro da nossa prática no cursinho.
  • É o capitalismo enquanto sistema de relações que permite pessoas morrerem de fome de um lado, enquanto do outro há desperdício; permite que forças policiais despejem centenas de famílias de suas casas para entregar um terreno que antes estava abandonado a seu proprietário legal; permite a um policial tirar a vida de um jovem para tentar recuperar um simples celular; permite que o meio ambiente seja destruído para que algumas empresas lucrem. É, enfim, a exploração de muitos por um grupo de poucos privilegiados.
  • Entendemos que a vida e o ser humano são mais importantes que a propriedade, os bens e o dinheiro, ao contrário da lógica capitalista.
  • Por isso, valorizamos mais nossas trocas e experiências no cursinho do que aos bens materiais e ao dinheiro. Lutamos por uma forma de trabalho onde não transformamos nossa motivação, tempo e dedicação em produto. Procuramos pensar e agir de forma contra essa lógica de exploração que organiza a maioria das relações e possibilidades no mundo de hoje.

Horizontalidade:

  • Na relação educador-estudante os dois ensinam e os dois aprendem. Temos igual direito a expressão e decisão, a partir da escolha livre de argumentos expostos. Compartilhamos e revezamos nossas tarefas, para atingir nossos objetivos.
  • Não concordamos com a ideia “um manda, o outro obedece”, que determina a maioria das nossas relações: nos nossos empregos, escolas, famílias, bairros etc. Acreditamos que construímos e decidimos lado a lado, horizontalmente – não obedecendo lideranças ou alguns poucos acima dos outros.

Valorização das minorias políticas:

  • Entendemos a sociedade dividida em grupos de acordo com seu acesso a bens e privilégios. Quem tem mais explora, silencia e bloqueia esse acesso a quem tem menos. O perfil desse grupo privilegiado é: branco, sexo masculino, heterossexual, cristão e rico ou de classe média. Desse modo, todos os outros perfis de seres humanos, em várias de suas relações, são oprimidos, mesmo sendo maioria numérica na população.
  • Acreditamos que a luta desses grupos por pensamento, voz e decisões próprias deve ser valorizada e apoiada, inclusive nas relações dentro do cursinho.

Conhecimento crítico:

  • Conhecimento crítico é a coragem de questionar, questionar quem diz que sabe, questionar onde esta esse saber, questionar o que é conhecimento. O Cursinho Cláudia não é um projeto de educação neutro, que visa auxiliar xs estudantes a decorar o conteúdo de vestibular para obter uma vaga em uma universidade. Acreditamos ao contrário, que quanto mais xs estudantes estiverem conscientes das relações de poder na sociedade, mas saberão como obter o conhecimento necessário para atingir seus objetivos.

Federalismo:

  • Praticamos uma forma de organização social que busca a autonomia dos indivíduos nas áreas, das áreas no Cursinho e do Cursinho em relação à outros Cursinhos, não havendo, assim, uma centralização de poder.

Ação direta:

  • Ação direta é atacar diretamente a estrutura, é agir sem intermediários. É abandonar a atitude que nos é ensinada desde criança de esperar por um guia, um líder, uma autoridade que vá tomar a frente e fazer por nós. Defendemos que nos juntemos com aquelas e aqueles que têm conosco objetivos semelhantes e ataquemos as estruturas que nos prendem.